Nos últimos anos, vários médicos que atuam como pessoa jurídica optaram pelo Simples Nacional devido a sua praticidade: uma guia única, um cálculo mais rápido e a sensação de que o regime é sempre o mais barato.
Tributação para médicos PJ: Simples Nacional ou Lucro Presumido, qual escolher?
No entanto, com a aproximação do fim de 2025, a pergunta começa a aparecer com mais força: será que ainda vale a pena continuar no Simples Nacional?
A verdade é que, para os médicos PJ, a resposta não é tão simples quanto parece. Isso porque os profissionais da saúde estão enquadrados no Anexo V, tradicionalmente o mais caro dentro do Simples Nacional. E embora o Fator R possa diminuir bastante a alíquota, nem sempre ele é aplicado, e é justamente aí que muitos médicos acabam pagando mais imposto do que deveriam.
Com o final de ano chegando, este é o momento perfeito para revisar o regime tributário e avaliar se o Simples Nacional ainda é vantajoso ou se é hora de considerar outras opções, como o Lucro Presumido.
Neste texto, você vai entender como o Simples funciona para os médicos, quando ele é uma boa escolha e quando deixa de ser.
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Como funciona o Simples Nacional para médicos PJ
No Simples Nacional, os médicos são classificados como “serviços intelectuais”, ficando dentro do Anexo V, que possui uma alíquota inicial de aproximadamente 15,5%, podendo chegar a mais de 30% dependendo do faturamento anual.
Contudo, existe uma exceção importante: o Fator R.
O que é o Fator R?
O Fator R compara a folha de pagamento (incluindo pró-labore) com o faturamento dos últimos 12 meses. Quando a folha representa mais de 28% do faturamento, o médico pode ser tributado pelo Anexo III, cuja alíquota começa em torno de 6%.
Ou seja, uma diferença que pode diminuir o imposto pela metade.
Simples Nacional é vantajoso quando:
- A empresa consegue se manter no Anexo III com o Fator R.
- O faturamento está dentro dos limites do Simples.
- A estrutura do médico é enxuta.
- Há organização financeira e pagamento mensal de pró-labore.
Simples Nacional deixa de ser vantajoso quando:
- O Fator R não é atingido (cenário mais comum entre plantonistas).
- O faturamento aumenta ao ponto de subir para alíquotas muito altas.
- Os hospitais pagam diretamente sem estrutura de folha.
- O médico tem poucas despesas dedutíveis ou não declara corretamente.
Em muitos casos, o médico acredita que o Simples sempre será mais barato, mas não é. Existem cenários em que o Lucro Presumido resulta em uma carga tributária menor e mais estável.
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Simples Nacional x Lucro Presumido: um comparativo prático
Para entender melhor, confira dois exemplos simples:
Médica A (Fator R não atendido)
- Faturamento: R$ 22.000/mês.
- Pró-labore baixo (menos de 28%).
- Tributação no Anexo V.
Nesse cenário, a médica pode pagar entre 15% e 18% de imposto no Simples, percentual comum, mas alto para os profissionais da saúde.
No Lucro Presumido, dependendo da região e das regras locais, a carga poderia ser igual ou menor.
Médico B (Fator R atendido)
- Faturamento: R$ 25.000/mês.
- Pró-labore de R$ 7.500 (30% do faturamento).
- Tributação pelo Anexo III.
Com as alíquotas começando em torno de 6%, o Simples pode ser extremamente vantajoso para esse médico. Aqui, ele se torna mais econômico e mais simples de administrar.
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O que muda para 2025?
Existem alguns pontos que o médico PJ precisa observar antes de decidir continuar no Simples Nacional:
- Crescimento do faturamento: Se a renda aumentou em 2024, isso pode alterar a faixa do Simples, e até gerar desenquadramento.
- Necessidade de folha para manter o Fator R: Se o médico não consegue manter uma estrutura adequada, perderá o benefício do Anexo III.
- Volume de despesas dedutíveis: No Lucro Presumido, algumas despesas podem ser usadas de forma estratégica.
- Revisão anual obrigatória: Ficar no Simples “por inércia” é um dos erros mais comuns.
Erros comuns ao decidir permanecer no Simples Nacional
- Achar que “o Simples é sempre mais barato”.
- Não analisar o faturamento dos últimos 12 meses.
- Desconhecer o impacto do Fator R.
- Não ter pró-labore estruturado.
- Não simular outros regimes antes de decidir.
Uma decisão tomada sem análise tributária pode custar caro ao longo do ano inteiro.
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Conclusão
Com a proximidade do fim de ano, este é o momento crucial para revisar o regime tributário e entender se o Simples Nacional ainda é o modelo mais vantajoso para a sua realidade. A escolha correta pode representar uma economia considerável, enquanto a escolha errada pode gerar impostos mais altos durante todo o ano.
A verdade é bem simples: o médico que analisa paga menos, e o médico que não analisa paga mais.
E, para isso, contar com uma contabilidade especializada no setor médico não é apenas uma comodidade, é uma forma de proteção financeira, tranquilidade e segurança fiscal.